Inclusão é permitir que o deficiente físico leve uma vida normal. O que é perfeitamente possível para um grupo enorme de pessoas com algum tipo de limitação física, capazes de levar uma rotina bastante independente. O que limita a mobilidade deles, muitas vezes, é a falta de planejamento e de infraestrutura adaptada para as necessidades desse perfil de cidadão.
Quando a cidade não é acessível, o portador de necessidades especiais tem sua locomoção restrita, limitada a poucos lugares, muitas vezes sem acesso ao transporte público. A consequência disso é a privação de se chegar ao próprio emprego sem depender de ninguém, uma vez que nem sempre há ajuda disponível para facilitar a vida de um cadeirante. E isso é impedir que a pessoa viva a sua vida.
A realidade de quase 1/4 dos brasileiros.
Hoje, “de dez a doze por cento da população mundial (algo em torno de 700 a 800 milhões de pessoas) têm alguma deficiência física. Destas, perto de 90% vivem nos chamados países em desenvolvimento.”[1]
Contudo, segundo o IBGE, no Brasil cerca de 24% da nossa população são Pessoas com Deficiência (PCDs), totalizando 45 milhões[2]. Não é pouca gente, sendo a nossa realidade ainda mais preocupante que a média mundial.
Mobilidade Urbana.
Se você acha que os congestionamentos e transporte público precário afetam a mobilidade de um cidadão, faça um pequeno exercício de empatia para entender a gravidade da realidade em que vivem as pessoas com limitações físicas.
É como viver uma eterna corrida de obstáculos, com ruas esburacadas, calçadas em péssimas condições, barreiras como meio-fios altos e elevadores antigos em mal estado de conservação.
Além disso, a maioria das redes de transporte público nas cidades brasileiras não está adaptadas para cadeirantes, idosos, pessoas com mobilidade reduzida e para os deficientes visuais.
E antes que a gente delegue exclusivamente ao governo toda a responsabilidade por um contexto exclusivo para os deficientes físicos, lembre que a calçada da sua casa, quando mal feita, sem nivelamento, ou mal conservada, também pode se tornar um obstáculo para quem passa por ali.
Não negligente os direitos dos deficientes físicos.

O pior cego é aquele que não quer ver. Imagem: freepik.
Como qualquer cidadão, o deficiente físico também possui o direito de ir e vir. Pela Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, tanto os ônibus, trens e até os táxis devem se adequar a acessibilidade para os deficientes. É preciso planejar e executar uma infraestrutura adequada, além de fiscalizar o cumprimento disso.
E não pense que isto abrange apenas facilitar a locomoção de cadeirantes. É preciso dar acesso, também, à informação. Uma das deficiências físicas mais negligenciadas é a visual. É importante que os estabelecimentos disponham seus cardápios e outras informações devidamente grafadas em braille para cegos, que haja sinais sonoros nos semáforos e piso tátil nas calçadas, de modo a aumentar a inclusão deles à sociedade.
Por fim, a acessibilidade também é desrespeitada quando o indivíduo estaciona na vaga para deficientes, bloqueia rampas ou desrespeita o direito de preferencial de um deficiente físico. A consciência para o problema é o primeiro passo para resolvê-lo.
Por isso, é importante se colocar na pele dessa grande parte da população para entender como ainda precisamos melhorar muito na inclusão dos deficientes físicos, não só deixando de negligenciar a falta de infraestrutura nas cidades para eles e cobrando as autoridades públicas, mas estando atento no próprio cotidiano a tudo o que está ao seu alcance para abrir caminho a quem sonha ainda viver em um mundo sem limitações.
[1] Fonte: Site Mobilize - Mobilidade Urbana Sustentável, no artigo “Mobilidade para deficiente físico é desafio a vencer no Brasil.” [2] Fonte de dados: Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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